sexta-feira, novembro 06, 2015

Das coisas que a vida não dá

                                      Imagem de flor, flowers, and frase

Era um dia qualquer de uma semana qualquer e estava eu, com a perna pra cima, bem esticada, e uma força de alguns newtons agindo contra ela enquanto alguns gemidos de dor saíam pela minha boca. Isso mesmo, eu estava numa sessão de fisioterapia. Após mais um longo exercício pra tentar colocar no lugar tudo aquilo que, na verdade, nunca esteve no lugar, eu perguntei pra minha fisioterapeuta: beleza, tô aqui, daqui a pouco vou sair por essa porta toda retinha e com cada osso no seu devido lugar. Mas daqui a uma hora eu tenho absoluta certeza que vou estar curvada diante do computador e não vou nem perceber. Então ela disse: é porque você ainda não teve o estalo.

Olha, nessa vida eu já tive vários estalos. Se fossemos parar pra contar os da minha coluna, diariamente, são uns 30. Ela viu que fiquei confusa e explicou: estalo é quando sua postura finalmente se arruma, mas enquanto ele não acontece, a gente tem que ir educando ela. Ele vai se preparando com o tempo, mas de um momento para o outro você vai ver que dificilmente vai conseguir ficar curvada sem se sentir incomodada.

(cá estou eu curvada digitando esse texto, nesse momento)

E aí fiquei pensando: quantos estalos a gente tem ao longo da vida? Não me refiro aos estalos da coluna nem esse que a fisioterapeuta falou, mas falo daqueles que nos fazem mudar de vez o rumo da nossa vida. Aquele momento em que você reflete sobre sua vida e vê que não está feliz, e por isso inventa algo revolucionário. Ou quando você vê que aquele rolo nunca vai ser nada além de um rolo e manda pra bem longe. Aquele trabalho que você tá enrolando pra fazer até chega o momento que você senta na cadeira e ele flui.

Às vezes, se não é por um desses estalos, nossa vida não anda. É compreensível que esperemos por alguns estalos (eu ainda espero o meu estalo postural), mas também precisamos agir e começar a compreender que ninguém nos deve nada e tudo que almejamos depende única e exclusivamente de nós. Tudo bem, se você não tomar iniciativas o dia e a noite seguirão vindo, as frutas maduras continuarão caindo do pé e os passarinhos ainda farão cocô em vidros de carros recém-limpos. Tudo segue fluindo. Mas e nós ficamos ali, inertes a tudo que acontece sem perceber que por mais que a vida continue a acontecer, ela precisa de atitudes nossas. Esperar pelos estalos da vida é omitir-se da única verdadeira obrigação que temos: viver. 

6 comentários:

  1. Comecei a arrumar a minha coluna no meio da leitura kk. Uma ótima reflexão para tempos parados, sempre a espera do estalo, do momento eureka e da hora que tomaremos coragem para qualquer coisa, sempre a espera de uma força externa para nos tirar da inércia; mal sabemos que a força deve vir de dentro, de nós mesmos. Porque, se não fizermos assim, não vivemos, vegetamos.

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    1. hahahah é sempre assim, basta uma distração e já ficamos encurvados. Obrigada pelo elogio e, realmente, essa força que nos tira da inércia tem que vir de dentro, mesmo quando já não temos mais vontade de mudar ou tomar iniciativas.

      Volte sempre!
      Beijinhos

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  2. Texto maaaravilhoso......muito profunda esta reflexão, mas é tão difícil (até mesmo de imaginar)!!!

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    1. Obrigada!! Realmente é bastante difícil, mas vai da vontade de cada um de sair da mesmice.

      Volte sempre!
      Beijinhos

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  3. OLHAAAAAAAAA! ADOREI TEU ESTILO DE POST! faz bem a ideia do que gosto.
    Sou super fã desse estilo meio cronica, onde um fato qualquer faz a gente rodar o mundo inteiro através de reflexões.
    Quantos estalos a gente dá na vida? Muitos. E ainda vai dar muito mais

    beijo
    beinghellz.blogspot.com

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    1. AI! Como é bom ler isso ❤ Obrigada pela visita!! Volte sempre pra acompanhar mais um pouco minhas viagens haha
      Beijos!

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